quinta-feira, 10 de abril de 2014

Tricotando Desesperadamente



Eu ainda me lembro de tudo. Sim, eu mudei de lado, evolui, mas as lembranças ainda me perseguem. No torpor da noite é quando elas mais resolvem surgir. Quando meu corpo está prestes a se entregar ao sono total, como uma pancada o seu rosto vem em minha direção, com aquele sorriso cheio de dentes amarelados, mas que consegue cegar-me os olhos mesmo estando no escuro. Com aqueles lábios que um dia foi a fonte da minha insanidade. Com aquele olhar, ah, como esse olhar ainda consegue invadir minha alma e percorrer minha mente, descobrindo meus pensamentos mais impuros e obscuros...
Você fez uma promessa, disse-me que voltaria. Não sei como, não sei por que, mas, eu ainda lhe espero. O anseio que me invade tem sede do teu corpo, da tua pele, desse teu olhar que arrepia os pelos de meus poros. E eu me pergunto, onde andas? Ainda estas atrás de mim?
Odeio-me, muito, por ainda permanecer nesse mundo doentio sem a tua existência. Odeio-te, às vezes... Porque me abandonou? Eu quis ir com você, eu tentei. Mas a Morte, que inveja todos aqueles que amam sem medo dela, não me levou, não me permitiu ir. Eu batalhei contra ela, em uma tentativa em vão para me juntar a você, e hoje só me restam as cicatrizes dessa inútil e desesperada tentativa de suicídio... Mas eu fiz por amor, por você.
Ainda espero o dia do seu retorno, e nesse dia nos entregaremos a esse amor, e eu partirei com você, para viver na eternidade... Uma eternidade só sua e minha, apenas você e eu.



 Istella Lira Conder


(Texto fictício)

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